quarta-feira, 23 de novembro de 2011

DATA VENIA - ADV. MARCO STEFANI - CREFONO7

Espaço para a coluna do Advogado do CREFONO7, Dr. Marco Stefani.

DATA VÊNIA

Sempre que alguém, no trânsito, aciona à sua frente aquele pisca de conversão à esquerda ou à direita, saiba que o que ele está fazendo é lhe pedir licença. É como se lhe falasse: “Ei, amigo, por favor, queira me dar licença para eu poder convergir imediatamente?” É certo que ele não sinaliza para convergir somente ao final, após o último carro lhe ultrapassar e desaparecer do alcance do espelho retrovisor. Pense o seguinte. O que você faria se estivesse numa fila de banco e alguém lhe pedisse passagem dirigindo-lhe aquela mesma pergunta? Por acaso você devolveria um “não” rotundo? Ora, como fazê-lo sem confessar a própria grosseria, selvageria, a mais absoluta falta de educação e de civilidade? Por Deus! Você não faria uma coisa dessas! Ninguém o faria de sã consciência, a menos que estivesse fora do juízo, gravemente doente ou possesso por legiões. Mas não é isso o que mais se vê no trânsito de nossas cidades? Um verdadeiro hospício ou um inferno?! O automóvel vira uma bolha, um elevador fechado, um quarto escuro onde todo o mal pode ser realizado, pois lá, no esconderijo de lata, o malfeitor está anônimo, impune, e por isso põe suas mangas à mostra. Na fila do banco ele não passa de um camaleão, um cínico, um falsário. Daí não ser verdadeira a tese de que “a ocasião faz o ladrão”. Bobagem! A ocasião revela o ladrão: o ladrão já era ladrão na fila do banco, ele apenas não se deixava mostrar. “Dá poder a uma pessoa e conhecerá quem realmente ela é”, isto é verdadeiro! Olhe bem a pergunta de Vicente Garrido no livro “O Psicopata – Um Camaleão na Sociedade Atual”: “Por que um motorista reage como um selvagem quando uma mulher lhe pede, gentilmente, licença em um sinal de trânsito?”. Ora, esta até meu filho de 06 anos é capaz de responder: porque é um psicopata, papai! Óbvio! Então, que é essa evolução da sociedade, que há pouco falava por mímica (linguagem) e tudo se compreendia, e agora fala por palavras (língua) e já ninguém consegue se entender: “o que quer, afinal, esse chato que, no trânsito, aciona à minha frente aquele pisca de conversão à esquerda ou à direita? Quer briga ou o quê?!”

Marco José Stefani
mjstefani@via-rs.net



Edição 198 do Jornal A Folha do Litoral

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